No encerramento dos eventos olímpicos que aconteceram entre 25 de julho e 11 de agosto deste ano em
Paris/França, Karen Bass, atual prefeita da cidade de Los Angeles/Califórnia, recebeu das
mãos do presidente do COI, Thomas Bach, a bandeira olímpica e, em seguida, a repassou para
Simone Biles, atual campeã olímpica (que, como owens, uma "sobre-humana"), embalados pela
voz da cantora H.E.R, que destilava seu talento entoando o hino de seu Pais – os Estados
Unidos. Bem diferente dos vividos por Owens 88 anos atrás, quando um dos maiores
corredores da história protagonizou um feito que só seria superado 48 anos após esse
momento.
Dito isso, indago, o que esta cena tem de tão diferente ou ainda relevante para nossas
elucubrações?
Tais pessoas subiram e dividiram o mesmo palco com pessoas da chamada raça superior por
cerca de 23 minutos, sem por isso estarem na reserva de funções, ou ornamentando o cenário
ou ainda exercendo trabalhos serviçais para aquela cerimonia. Pelo contrário, o que vimos foi
o lugar de destaque; Bass, Biles e H.E.R ocupando a posição de autoridade, honra e
reconhecimento por seus feitos ou patentes, e algo mais que é necessário sublinhar: protagonizaram um fato inclusivo na historicidade oficial humana. Um prestígio que não foi
agraciado pelo atleta norte-americano sobre as mesmas circunstancias tempos atrás.
Infelizmente, os feitos de Owens anos atrás, embora tenham acenado que a ideologia Nazista de supremacia racial de Hitler e seus seguidores Alemãs e/ou norte-americanos era um
engodo, o que se seguiu foi as sociedades politicamente "brancas" indiferentes e até amaldiçoando os triunfos dos atletas afro-americanos nos Jogos.
A interpretação padrão dos êxitos de Owens é que ele provou que a ideia universal da
superioridade racial Branca era algo sem fundamentação cientifica ou factual. E mesmo em se
tratando de uma vitória esmagadora do grupo de atletas negros norte americanos que
arrematariam a maioria das medalhas para as quais competiam — feito máximo a Jesse owens, e o
consequente e louvável reconhecimento destes, sobre os demais atletas competidores das
outras nações, (fato que se o contrário colocaria o arianismo ou o branquianismo em uma
situação de constatação divina), essas habilidades superiores não os projetaram a uma melhor
situação no cenário social mundial e na sociedade americana em particular, que muito embora
criticasse a politica expansionista da ideologia da supremacia racial alemã, mostrou-se
insensível e diria até truculenta com seus medalhistas ditos "colored" nos Jogos.
As Olimpíadas são o maior evento esportivo do mundo, que acontece a cada quatro anos, alternando seu local sede de realização, onde atletas de vários países participam de disputas
em diferentes modalidades.
Os primeiros Jogos Olímpicos aconteceram na antiga Grécia, no
ano de 776 a.C., com a intenção de prestar homenagens aos deuses gregos por meio da
valorização das aptidões físicas de cada competidor.
Na Era Moderna, a primeira edição
aconteceu em 1896, em Atenas, também na Grécia, com participação de 14 países, que disputaram
as seguintes modalidades: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, halterofilismo, luta, natação
e tênis.
Os jogos olímpicos foram criados com o objetivo de utilizar o esporte como instrumento para a promoção
da paz, da união e do respeito entre os povos de diferentes nações. Vale lembrar que nas primeiras edições, a participação nas competições era restrita aos homens, outro ponto que
vem se superando a cada nova competição, trazendo reconhecimento pelos seus feitos a diferentes pessoas, não importando sua origem ou desinência. É o que comprova a nossa
premissa inicial de que os tempos olímpicos foram se aprimorando em termos de inclusão
politica e social.
Momentos sublimes como este passam para a historia porque tentam simbolizar a superação
da raça humana. Se antes através do físico, hoje aspectos civis, políticos, afetivos e emocional
somam-se a esta qualificação.