Publicação traz importantes dados sobre os docentes, como salário, carreira e formação
Alto estresse da sala de aula pode comprometer até o desempenho sexual dos professores
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Saúde | Um levantamento feito a partir do histórico de pacientes do ambulatório de ginecologia do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, aponta que 70% das mulheres procuraram o departamento para solucionar problemas relacionados à falta de libido.
Os dados mostram que 90% dos casos são de origem psicológica. Segundo a coordenadora do ambulatório de sexualidade do HC, Elsa Gay, os problemas sexuais da mulher refletem conflitos de relacionamento e, sobretudo, de estresse no trabalho.
"A mulher fica muito cansada. Ela exerce muitos papéis durante o dia e o sexo exige disposição", explica a coordenadora do projeto Afrodite, Carolina Ambrogini.
Em outro estudo, do ambulatório de sexualidade feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a falta de desejo sexual originada por trabalhos estressantes, como o exercício da docência, é também a principal reclamação. Cerca de 65% das pacientes procuram o ambulatório por esse motivo.
Outras queixas frequentes em relação a isso, muito comuns em professoras submetidas a altos níveis de estresse, são a dificuldade para atingir o orgasmo e a dor que sentem durante a penetração sexual. Para o Dr. Carlos Eduardo Paiffer, 64, sexólogo com formação pela UFRJ, "isso geralmente pode ser só uma consequência do cotidiano infernal que levam". "Estresse, aborrecimentos, trabalho em excesso e precupação financeira não rimam com orgasmos e prazer sexual", destaca.
A verdade é que o altíssimo estresse do ambiente escolar compromete negativamente o desempenho sexual dos docentes brasileiros. Super carga horária, turmas numerosas, violência, falta de conforto nas salas, salários baixos, autoritarismo dos gestores... Tudo leva a um estado de nervosismo, irritação, desânimo, cansaço, algo que não combina em nada com o clima de tranquilidade exigido para que se tenha sexo de forma satisfatória
Depoimentos
A professora A. C, 29, da Rede Estadual do Ceará, diz que perdeu o casamento, pois se desinteressou por sexo.
"Acordava cedo e só voltava para casa às 22:00 horas, cumprindo uma maratona de aulas que me esgotou. Quando voltava, não tinha desejo para nada. O sexo era só mais uma dor. Meu marido arranjou outra", lamenta.
K. M, 38, da Rede Municipal de Recife, pondera por outro lado que o alto estresse a que estava submetida na sala de aula quase acabou também com um relacionamento de quinze anos.
"Sentia tesão pelo meu companheiro, ia ao delírio com ele na cama, mas quando iniciei a atividade docente em várias escolas minha libido murchou. Vivia cansada, deprimida, não sentia orgasmos e meu marido não entendia essa nova situação. Felizmente, busquei apoio psicológico, larguei a profissão e salvei minha vida conjugal. Hoje, não quero nem saber da sala de aula, prefiro vender bugigangas no meio da rua".
Homens
O alto estresse da sala de aula, evidentemente, não afeta só as mulheres docentes. Pelo contrário, professores estressados têm até muito mais dificuldades para o sexo do que suas companheiras.
Em breve postaremos outras matérias sobre esse tema.
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