Bolsonaro manda professores e alunos para o corredor da morte, diz biólogo

17/04/2020

Educação / O presidente se excedeu ao chamar volta às aulas. Milhares de docentes têm doenças preexistentes e se tornam presas fáceis do coronavírus nas escolas.

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Capitão prega retorno imediato às aulas. Foto: Isac Nóbrega/PR/Agência Brasil
Capitão prega retorno imediato às aulas. Foto: Isac Nóbrega/PR/Agência Brasil

O biólogo Cézar N Martins, consultado pelo Dever de Classe, diz que Jair Bolsonaro quer levar professores e alunos ao "corredor da morte". Crítica se refere ao fato do presidente ter pregado volta às aulas em todo o País e chamado de 'covarde' quem tem medo de se expor. Fala do capitão foi amplamente divulgada pela mídia nacional. 

Martins adverte que milhares de docentes têm doenças preexistentes e se tornam presas fáceis do coronavírus nas escolas. Após o anúncio, o biólogo fala um pouco mais sobre os enormes perigos do retorno às aulas neste momento e explica por que isto equivaleria a um "corredor da morte".

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As opiniões do biólogo:

Por que comparar retorno às aulas a um corredor da morte?

Vocês sabem o que é um corredor da morte? Nos EUA, quando um preso é condenado, vai para um espaço composto por celas e outros compartimentos. Lá, espera o dia final. Voltar às escolas e salas de aula agora seria ir para uma espécie de espaço assim, com possibilidade real de se contaminar e morrer. A diferença é que no corredor da morte às vezes a espera pode significar meses e até anos. Nos espaços fechados das salas salas de aula e escolas, na conjuntura atual, a contaminação e a morte podem vir bem mais cedo. Continua, após o anúncio.

Então o conselho do presidente Bolsonaro não deve ser seguido?

Claro que não, a não ser para quem queira brincar com a morte. Centenas de milhares de professores têm doenças preexistentes e são presas fáceis para o coronavírus dentro das escolas, espaços naturais de aglomeração. E o vírus, ao contrário do que o presidente falou, pega também em crianças e adolescentes e os mata do mesmo jeito.

E se o presidente conseguir impor sua autoridade maior com o apoio do novo ministro da Saúde?

Quando se trata de preservar a própria vida, não se deve obedecer autoridade maior nenhuma. Se for o caso, recorre-se à Justiça. E aliás, esse novo ministro é mais um motivo para que escolas fiquem fechadas, uma vez que, pela declaração que circula em vídeo por aí, ele não é muito simpático à vida dos mais velhos. Já pensou um jovem aluno e um professor contaminados! Ele certamente diria que era preciso deixar o professor morrer.

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