Bolsonaro devia fazer uma live para explicar por que zerou o reajuste do magistério deste ano

01/01/2021

O presidente foge deste tema, porque dados oficiais da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) mostram que recursos do Fundeb cresceram, o que contraria a Portaria Interministerial do governo que zera o reajuste dos professores neste 2021.

Publicidade

Presidente Bolsonaro em uma de suas costumeiras lives. Para o magistério, no entanto, até agora nada de explicação sobre reajuste 0% em 2021. Foto/reprodução.
Presidente Bolsonaro em uma de suas costumeiras lives. Para o magistério, no entanto, até agora nada de explicação sobre reajuste 0% em 2021. Foto/reprodução.

Educação | O presidente Jair Bolsonaro devia fazer uma de suas costumeiras lives para explicar por que zerou o reajuste do piso nacional dos professores deste ano. De 2010 para cá, é a primeira vez que o governo federal não usa a grande mídia do País para divulgar o percentual de atualização salarial do magistério. Pelo que reza a Lei Federal 11.738/2008, piso deve ser corrigido todo 1º de janeiro de cada ano. Mas é compreensível que Bolsonaro seja um fujão em relação a este tema, conforme veremos após o anúncio. Continua, após o anúncio.

Fujão com medo da verdade

É compreensível que o presidente esteja fugindo deste tema. Ao que tudo indica, ele está com medo da verdade. A questão é simples: para zerar o reajuste deste ano (estava previsto 5,9%), Bolsonaro publicou em 25 de novembro de 2020 a portaria interministerial nº 03, que reduziu o custo aluno do ano passado de R$ 3.643,16 para  R$ 3.349,56.

O problema para o presidente é que dados oficiais das receitas do Fundeb publicadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), órgão do próprio governo, revelam que, na contramão do que reza essa portaria nº 03, as verbas do Fundo fizeram foi crescer entre novembro de 2019 e o mesmo mês de 2020. Logo, o Custo Aluno não poderia ter sido reduzido e nem o Piso do Magistério zerado. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) fez denúncia quanto a isso no Ministério Público Federal e no próprio MEC. Ver AQUIContinua, após o anúncio.

Foi no governo da presidenta Dilma Rousseff (PT) que o piso do magistério teve os maiores reajustes: 15,84% em 2011; 22,22% em 2012 e 13,01% em 2015. Foto: Agência Brasil.
Foi no governo da presidenta Dilma Rousseff (PT) que o piso do magistério teve os maiores reajustes: 15,84% em 2011; 22,22% em 2012 e 13,01% em 2015. Foto: Agência Brasil.

Live difícil de ocorrer

Por o governo ter sido pego em contradição, dificilmente o presidente Bolsonaro fará live para se explicar sobre a redução do custo aluno e do reajuste zero no piso. Aliás, sobre isto:

O professor Heleno Araújo — presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) — alerta o governo "que a redução no Custo Aluno do FUNDEB, sem a devida comprovação pelo gestor federal, enseja crime de responsabilidade previsto no art. 6º, § 3º da Lei 11.494, além de configurar 'pedalada fiscal' e apropriação indébita."

Cabe agora aos trabalhadores em educação e às suas entidades representativas continuarem a pressão para que o devido reajuste de pelo menos 5,9% seja cumprido já a partir deste mês de janeiro.

Compartilhe e curta abaixo nossa página no Facebook, para receber atualizações sobre este tema.

Faça uma pequena doação de um valor qualquer para que possamos continuar a manter este site aberto. Caso não possa ou não queira colaborar, continue a nos acessar do mesmo jeito enquanto estivermos ativos. Gratos.

Doar com PagSeguro

Curta nossa página e receba atualizações sobre este tema!

Mais recentes...

Anuário do Todos pela Educação mostra que, embora tenha crescido, rendimento médio mensal dos profissionais do magistério da Educação Básica das redes públicas, com Ensino Superior, é 14% menor que o rendimento de outros profissionais assalariados com o mesmo nível de escolaridade

Teor oficial do corte de gastos ainda permanece nos bastidores, "mas é possível que traga dificuldades para o setor da Educação, embora correção de 2025 deva acontecer normalmente em janeiro", pondera especialista