A Filosofia vai à praça
"Quando perdemos o diálogo, perdemos também o contato com o outro, com o parente e com o desafio de pulsar nosso espírito em intenção do novo"
Bel, como é agora carinhosamente chamado por antigos e novos fãs, ganhou mais público quando optou pelo anonimato e abandonou a carreira e os palcos.
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Cultura | Por *Landim Neto - Há um culto repentino a Belchior, algo que pode ser notado de forma mais nítida nas redes sociais. Meio que do nada, jovens cujos pais eram adolescentes quando o talentoso músico cearense surgiu — passaram a louvar o Bel, como carinhosamente o chamam, de forma muito apaixonada. Parecem até velhos fãs do autor de Paralelas e Coração Selvagem. A tietagem com o carismático ídolo e suas músicas é tamanha que "Sujeito de sorte", do LP Alucinação, 1976, virou uma espécie de hino contra a Covid-19, na virada de 2020. Continua, após o anúncio.
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Esse crescimento na popularidade de Belchior, entretanto, não é algo comum na história de outros artistas famosos, pelo menos no Brasil. Grandes ídolos — como Cazuza, Raul Seixas ou Renato Russo — não despertaram interesse parecido após falecerem, embora, evidentemente, tenham continuado muito populares e queridos.
O crescimento da admiração por Belchior, parece-me, é uma tendência surgida de antes, de quando ele "decidiu se matar". Após o cantor abandonar de forma inusitada a carreira e os palcos e, na prática, 'morrer' enquanto presença de carne e osso para seus muitos fãs, por volta de 2007, o interesse por seu trabalho catapultou.
Por conta do misterioso sumiço, no You Tube seus vídeos 'bombaram'. A grande mídia passou a fazer todo tipo de especulação sobre seu desaparecimento. E os fãs se encarregaram de espalhar nas redes sociais verdadeiras lendas sobre sua volta. Volta que nunca ocorreria.
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Em 30 de abril de 2017, a imprensa nacional divulgou a segunda morte de Belchior, desta vez a real. Notícia veio em tom de suspense e um certo sensacionalismo. Isto fez a popularidade do compositor crescer ainda mais. A vigília na casa em Santa Cruz do Sul (RS), local onde faleceu. O velório em Sobral, sua terra natal. E o enterro em Fortaleza. Tudo somou para colocar Belchior ainda mais nas alturas.
O inusitado dessas "duas mortes" talvez expliquem a intensificação do amor dos velhos fãs e a admiração repentina que milhares de novos seguidores agora demonstram ter por ele. Mas isto não é o mais relevante quando se fala de Belchior.
Como diz artigo do Caetano Veloso, publicado no Estadão no dia do óbito: "Não é por acaso que Belchior é lembrado e louvado por gerações sucessivas. Suas canções não são das que morrem." Não são mesmo.
*Landim Neto é editor do Dever de Classe
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"A interpretação padrão dos êxitos de Owens é que ele provou que a ideia universal da superioridade racial branca era algo sem fundamentação cientifica ou factual"
"Uma sucessão notável e singular de belíssimas e sublimes experiências oníricas..." Publicado pela Editora Dialética, está disponível na Amazon e outros sites, nos formatos físico, ebook e audiobook
Obra "reúne uma série de depoimentos, em geral de caráter pessoal, elaborados por professores e pesquisadores que se dedicaram ao estudo do poeta florentino"