Militarização é boa saída para as escolas públicas?

18/02/2020

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Polêmicas / Muitos docentes creem que projeto ajuda a acabar com a indisciplina dos alunos. Outros, no entanto, apontam sérios problemas na proposta.

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Militarização: modelo não unifica educadores. Foto: Brasil de Fato.
Militarização: modelo não unifica educadores. Foto: Brasil de Fato.

Alunos fardados como mini soldados, inclusive as meninas. Policiais ou membros do Exército como autoridades maiores dentro da escola. Professores e demais funcionários civis em segundo plano na hierarquia escolar. Ambiente de quartel. Em síntese, isto pode caracterizar um estabelecimento de ensino militarizado. É boa saída para as escolas públicas? Há muitas divergências, conforme veremos após o anúncio.

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Prós...

Na avaliação dos que apoiam escolas militares, projeto acabaria com a indisciplina dos alunos contra os professores e entre os próprios estudantes. É um argumento forte, pois muitos docentes sofrem com esse tipo de problema e chegam mesmo a se afastar do trabalho por causa disso. "Pior do que salário baixo é ter que suportar aluno rebelde me ameaçando quase todo dia", diz o professor pernambucano Lúcio Silva. O caso de Lúcio é comum em todo o Brasil.

Outro argumento a favor da militarização é baseado na tese de que escolas militares contribuem para melhorar a aprendizagem dos alunos e o desempenho profissional deles no futuro. "Meu filho está se preparando para ser um cidadão bem qualificado", diz uma mãe de aluno do Estado de Goiás. Após o anúncio, veja alguns argumentos contrários à proposta.

... e contras

Nem tudo é elogio quando o tema é militarização de escolas públicas. Circula na mídia nacional denúncias de inúmeros casos de abusos de policiais contra estudantes, professores e até mães de alunos. Exemplo disso é um documento de 1.043 páginas entregue à Assembléia Legislativa do Amazonas tratando de tal assunto. Texto, segundo matéria publicada (set/2019) no site acrítica.com, fala de assédio moral, sexual e outros ilícitos praticados contra a comunidade escolar.

Em Boa Vista (RR), escola militar também dá mau exemplo. Segundo matéria do G1 de maio de 2019: Leia, após o anúncio.

"Servidores das escolas estaduais militarizadas Luiz Ribeiro de Lima e Maria Nilce Brandão, em Boa Vista, procuraram o G1 para relatar episódios de assédio moral e abuso de poder que, segundo eles, são praticados tanto contra professores quanto alunos das duas unidades."

"Dentre os casos relatados, estão desmaios de alunos durante ensaios de alamar - uma condecoração dada a estudantes com média superior a 80, exclusão de alunos com necessidades especiais das atividades, e punições como capinar ou lavar banheiro aplicadas a estudantes, além de humilhações de professores." Continua, após o anúncio.

Mais caras e menos eficientes

Outro argumento contra a militarização das escolas é que seriam mais caras e menos eficientes que, por exemplo, os institutos federais de educação. Documento detalhado sobre isso foi divulgado recentemente pelo Andes - Sindicato Nacional dos Docentes, uma das organizações mais sérias e respeitadas do País quando o tema é o debate sobre educação.

Nosso ponto de vista

O Dever de Classe não apoia projeto de militarização de escolas públicas. Em nossa opinião, escolas para civis devem ser dirigidas por civis na área do magistério em geral. Escola Militar deve ocorrer apenas quando o objetivo for a formação para a própria área, como é o caso do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e outras do mesmo gênero.

Caso queira difundir seu próprio entendimento sobre o tema, deixe um comentário mais abaixo ou escreva um artigo para nossa Redação - E-mail: polemicas@deverdeclasse.org

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