Nos anos 1990, o capitão já defendia morte de 30 mil civis, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Plano de reeleição passa pelo fim da estabilidade e PEC 32 logo no início de 2021, diz analista
"Bolsonaro terá que mostrar no próximo ano que é capaz de desmontar o serviço público, tal como fez em relação à previdência social. Sem isso, certamente será descartado pelos grandes grupos econômicos que o elegeram e o mantêm a qualquer custo no poder."
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Economia | Para tentar se reeleger em 2022, o presidente Jair Bolsonaro terá que aprovar logo no primeiro semestre do próximo ano a Pec 32, que cria a Reforma Administrativa e traz uma série de danos aos atuais e futuros servidores dos três poderes da União, estados e municípios. Medida prevê fim da estabilidade, redução radical de concursos públicos, corte de direitos já adquiridos, terceirizações etc. Tese de que reforma é vital para a reeleição de Bolsonaro é defendida pelo Cientista Social carioca Alan N Nogueira, consultado pelo Dever de Classe, via Messenger. Veja, após o anúncio.
Aprovar logo a Reforma Administrativa e atacar funcionalismo é bom para a reeleição de Bolsonaro? Por quê
Bolsonaro foi eleito e é mantido no poder porque aceitou cumprir à risca a agenda econômica dos bancos e das grandes corporações econômicas. Ele consolidou a Reforma Trabalhista do Temer e aprovou a Reforma da Previdência, acabando na prática com a aposentadoria pública. Todos esses projetos servem a quem? Servem ao grande capital, pois aumenta enormemente os lucros deles a médio e longo prazos. A Reforma Administrativa vai na mesma linha. Acaba estabilidade e nivela por baixo o servidor público e o privado. Elimina direitos já conquistados, reduz concursos públicos e permite mais terceirizações. Na prática, privatiza o Estado. Quem ganha? Ora, a burguesia só tem uma ideologia: manutenção e ampliação dos seus lucros. Se na atual conjuntura, Bolsonaro é quem é o melhor para isso, é com ele que vão continuar. E tem que aprovar logo no primeiro semestre de 2021, pois do segundo semestre em diante, parlamentares só pensam em suas reeleições. Continua, após o anúncio.
Mas e se o funcionalismo se levantar contra essa reforma?
Seria bom, mas continua a ser uma utopia. Veja a Reforma Trabalhista e a da Previdência. Elas ferram com o trabalhador público e privado. Mas só que os efeitos delas ainda não começaram a aparecer de forma mais dura, principalmente a da Previdência. Tanto é que a popularidade do Bolsonaro ainda é muito alta, inclusive dentro do funcionalismo da União, estados e municípios. Quando o povo acorda, o estrago já tem sido feito.
O senhor fala dos grandes grupos econômicos, mas a Globo faz duras críticas ao Bolsonaro.
Desculpe-me, mas não é verdade. Ela faz críticas pontuais às atrocidades que o presidente fala todo dia em relação a mulheres, negros, ditadura etc. Mas não há uma só crítica da Globo ou de qualquer outro grande setor capitalista à política econômica do governo Federal. Muito pelo contrário: Globo & Cia apoiaram as reformas trabalhista e da previdência. E apoiam também essa Pec 32 da Reforma Administrativa. Nisso, estão com Bolsonaro feito unha e carne. Acesse lá a mídia deles que vocês verão. Tanto é verdade que nunca moveram uma palha de forma concreta para impitimá-lo. Em 2019, a Globo e toda a grande mídia burguesa chamaram o povo a sair às ruas contra as reformas? Claro que não. Eles fizeram isso contra a Dilma e o PT. No final, se Bolsonaro aprovar a reforma administrativa, tudo leva a crer que é com ele que vão ficar. Até mesmo para que possa consolidar na prática as reformas. Ele pode xingar, esculhambar e até bater em algum repórter da própria Globo que nada lhe ocorrerá, pois nos bastidores está com os grandes patrões.
O senhor acredita que ele conseguirá aprovar essa Pec 32? (Ver resposta após o anúncio).
Sim, é bem possível. A maioria dos parlamentares da Câmara e Senado tem perfil liberal e apoia todas as medidas dos grandes capitalistas. Mesmo os que se dizem oposição a Bolsonaro, como Rodrigo Maia, são defensores árduos dessa Pec. A única saída é a CUT e os partidos de esquerda conseguirem mobilizar o povo, ainda que seja pelas redes sociais. Do contrário, a reforma passa. E aí, Bolsonaro se torna muito forte para 2022.
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