"Me deram um soco e o dente deslocou-se e apodreceu".
"A pior coisa que tem na tortura é esperar, esperar para apanhar. Eu senti ali que a barra era pesada. E foi. Também estou lembrando muito bem do chão do banheiro, do azulejo branco. Sangue, sujeira..."
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DA REDAÇÃO | Trechos do relato da presidenta Dilma Rousseff à Comissão Nacional da Verdade, onde ala sobre as bárbaras torturas que sofreu nos porões da ditadura militar, período de 1964 a 1985 no Brasil. Leia:
"Algumas características da tortura. No início, não tinha rotina. Não se distinguia se era dia ou noite. Geralmente, o básico era o choque".
"Se o interrogatório é de longa duração, com interrogador experiente, ele te bota no pau de arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina. Muitas vezes usava palmatória; usaram em mim muita palmatória. Em São Paulo, usaram pouco este 'método'".
"O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente pelo resto da vida". (Continua, após a anúncio).
"A pior coisa que tem na tortura é esperar, esperar para apanhar. Eu senti ali que a barra era pesada. E foi. Também estou lembrando muito bem do chão do banheiro, do azulejo branco. Porque vai formando crosta de sangue, sujeira, você fica com um cheiro".
"Eu vou esquecer a mão em você. Você vai ficar deformada e ninguém vai te querer. Ninguém sabe que você está aqui. Você vai virar um 'presunto' e ninguém vai saber", era uma das ameaças ouvidas de um agente público no período em que esteve presa. "Tinha muito esquema de tortura psicológica, ameaças (...) Você fica aqui pensando 'daqui a pouco eu volto e vamos começar uma sessão de tortura'". (Continua, após o anúncio).
"Uma das coisas que me aconteceu naquela época é que meu dente começou a cair e só foi derrubado posteriormente pela Oban. Minha arcada girou para outro lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente deslocou-se e apodreceu. Tomava de vez em quando Novalgina em gotas para passar a dor. Só mais tarde, quando voltei para São Paulo, o Albernaz completou o serviço com um soco arrancando o dente"
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) é apologista da tortura e do período sombrio da ditadura militara no Brasil. Quando da votação do impeachment da presidenta, ele dedicou seu voto ao torturador Brilhante Ustra e disse que o mesmo era o pavor de Dilma Rousseff. Não à toa, Guilherme Boulos (PSOL) declarou Bolsonaro é um bandido.
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