Isolados juntos, certamente também na cadeia
Plano para matar presidente Lula e mais duas autoridades não foi coisa de dois ou três militares de menor importância dentro das Forças Armadas
POLÍTICA | O golpe parlamentar que tirou a presidenta Dilma Rousseff (PT) do poder gerou até aqui uma série da fatos políticos muito marcantes na história recente do país. Após a oportunista e ilegítima ascensão de Michel Temer (PMDB), em questão de poucos meses e dias muitas coisas mudaram e trouxeram surpresas agradáveis para uns e muito desagradáveis para outros. O PT e Lula voltaram a subir no conceito popular. E líderes do golpe e da direita, como Aécio Neves (PSDB) & Cia, caíram em desgraça e viraram pó da noite para o dia.
Abaixo, listamos nove acontecimentos dentro de tal conjuntura. Confira e acrescente mais nos comentários, caso julgue que os itens estão incorretos ou incompletos.
Tão logo adentraram o Planalto, Temer (PMDB) e um bando de golpistas se desmoralizaram rapidamente, algo incomum quando se trata de governantes em início de mandato. Hoje não têm sequer 4% de aceitação popular. Estão desmoralizados no Brasil e no estrangeiro. Temer e vários de seus ministros correm o risco inclusive de ir para a cadeia.
Enquanto os golpistas desceram ladeira abaixo, Lula (PT) cresceu em todas as pesquisas eleitorais divulgadas até aqui, mesmo massacrado diariamente pela Globo & Cia. Hoje elegeria-se presidente já no primeiro turno. O Partido dos Trabalhadores, segundo recente pesquisa do Datafolha, também voltou a crescer em aceitação popular.
Após concluir o trabalho sujo de comandar o processo de impeachment na Câmara, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) foi cassado e preso. Pegou 15 anos de cadeia e está proibido de exercer mandatos eleitorais por igual período. Paga, portanto, um preço muito alto por ajudar a comandar o golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff.
Após alcançar mais de 51 milhões de votos no segundo turno das eleições de 2014, Aécio Neves (PSDB) viu desmoronar sua popularidade e passou de quase presidente a político desmoralizado e prestes a ir até para a cadeia. Enquanto isso, o discurso fascista de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) cresceu e ele cooptou boa parte do eleitorado do Mineirnho.
Dado o seu caráter seletivo, isto é, visar com mais força apenas em Lula e no PT, a famosa operação lava-jato caiu no descrédito popular. O desgoverno Temer tratou de jogar uma pá de cal em Moro e Dallagnol e praticamente pôs fim à operação. Essa dupla, antes vista como heroína por parcela significativa da população, hoje é seguida apenas por fanáticos coxinhas.
Além da desgraça de Aécio e Cunha, outro que se deu muito mal após a saída da presidenta Dilma foi Geddel Vieira Lima (PMDB). Um dos arquitetos do golpe, Geddel foi pego em traquinagens pela PF e foi parar na cadeia. Desesperado, chorou copiosamente em audiência e pediu que Geddellzinho, seu filho de sete anos, não se envergonhe do pai que tem.
Uma das grandes surpresas geradas no Brasil pós golpe de 2016 é a capitulação de Aldo Rebelo, um dos fundadores do PCdoB e uma das maiores lideranças de esquerda do país. Rebelo, em nome de uma suposta "unidade pelo Brasil", está cotado inclusive para ser vice do direitista Rodrigo Maia (DEM) numa possível chapa indireta para substituição de Temer.
Na esquerda, não foi só o PCdoB que perdeu com o golpe de 2016. O PSTU, corrente da chamada "esquerda revolucionária", caiu no sectarismo e apoiou a sua maneira o afastamento de Dilma, ao criar a bizarra campanha "Fora Todos", que na prática só serviu mesmo para judar na queda da presidenta. Por conta de tal política, cerca de 800 militantes deixaram o partido e criaram nova corrente, o MAIS.
Ao contrário do PSTU, o Partido da Causa Operária - PCO - denunciou vigorosamente o golpe e os golpistas e cresceu na esquerda revolucionária do país. Rui Costa Pimenta, líder do partido, comanda aos sábados no You Tube o programa "Análise Política da Semana", de grande audiência justamente por conta das firmes posições do PCO frente ao golpismo.
Plano para matar presidente Lula e mais duas autoridades não foi coisa de dois ou três militares de menor importância dentro das Forças Armadas
Luiz Eduardo Ramos chegou a despontar como um dos militares mais poderosos do governo Bolsonaro, mas foi excluído da trama de golpe por seus comparsas golpistas por não controlar a língua, diz colunista de O Globo
Especialista diz que o capitão é imaturo emocionalmente e não sabe lidar com contradições, o que é péssimo para um ser humano que está na iminência de perder a liberdade