Alguns países anunciam volta às aulas, mas em condições de segurança que o Brasil não pode seguir

21/04/2020

Educação / Na França, as turmas terão no máximo 15 alunos. Em todos os países haverá rígidas medidas de distanciamento físico. No Brasil, volta às aulas agora continua a ser uma iniciativa de altíssimo risco.

COMPARTILHE!

Publicidade

Quem no Brasil se arriscaria a mandar agora os filhos para as escolas? Imagem: aplicativo Canva.
Quem no Brasil se arriscaria a mandar agora os filhos para as escolas? Imagem: aplicativo Canva.

Segundo a Folha de S.Paulo apurou e publicou (21), em ao menos oito países europeus as escolas devem reabrir a partir de maio, em diferentes datas. Entre eles França, HolandaAlemanha, Áustria, França, Suíça e Islândia.

Mas, para tanto, rígidas medidas de segurança foram anunciadas para evitar disseminação de coronavírus, algo que no Brasil, de uma forma geral, seria muito difícil de seguir, conforme veremos após o anúncio.

Leia também:

  1. Ministro diz que no máximo morrerão uns 40 mil e pede que prefeitos e governadores reabram as escolas
  2. Bolsonaro anuncia retorno  às aulas a partir de segunda-feira, 27
  3. Biólogo alerta sobre perigo de voltar às aulas antes do segundo semestre
  4. Bolsonaro manda professores e alunos para o corredor da morte, diz biólogo

Segurança

Segundo a Folha, em todos os países que pensam em reabrir suas escolas a partir de maio a regra número um é que deverá haver rígido distanciamento físico entre os alunos. 

Na França, por exemplo, "as turmas terão no máximo 15 alunos quando as aulas retornarem. O número é a metade da ocupação média das classes antes da pandemia de coronavírus." Já a Holanda "vai dividir as turmas em dois turnos, um pela manhã e outro à tarde." O objetivo é evitar as aglomerações. Continua, após o anúncio.

Há no Brasil condições de se fazer a mesma coisa?

Consultamos novamente o biólogo Bruno S Silva sobre essa questão do coronavírus e a abertura de escolas em países europeus e no Brasil. Ele fez as seguintes ponderações.

"São situações muito diferentes. Mesmo uma escola particular de elite no Brasil teria dificuldades econômicas para colocar no máximo 15 alunos por turma, como anuncia de forma correta a França. Seria preciso contratar mais professores, funcionários, o que comprometeria parte do lucro. Ou então teriam que subir as mensalidades, o que também seria um problema." Continua, após o anúncio.

"E o que dizer então das escolas públicas? No geral, professores trabalham com salas superlotadas e em condições precárias até de higiene em muitos estabelecimentos. Prefeitos e governadores estariam dispostos a dividir as turmas para evitar a contaminação? Difícil responder quando só se fala em falta de recursos nos estados e municípios. Como então encarar a possibilidade real de contágio? Creio que o melhor é esperar mais um pouco para voltar à normalidade."

"É preciso considerar também que todos os países europeus que falam em reabrir escolas são muito ricos e têm um sistema de saúde sem o caos que há no Brasil. Se houver contaminação, eles podem socorrer com mais eficiência professores e alunos. E por aqui, se houver contágio em massa, o que poderá ocorrer? Pelo que o novo ministro da Saúde andou falando, é provável que professores sejam descartados para dar vagas para os alunos nos hospitais." Continua, após o anúncio.

"Em minha opinião, o Brasil ainda está um pouco longe de ter condições de reabrir escolas com segurança. Até mesmo esses países europeus aí anunciados também não estão, embora estejam em situação bem melhor que a nossa."


Ainda segundo a Folha, a ideia nos países que anunciam reabertura de escolas é começar pelas séries iniciais e ir ampliando aos poucos, até normalizar a situação, caso não haja contratempos em relação à pandemia. 

COMPARTILHE!

Faça uma pequena doação de qualquer valor, para ajudar a cobrir os custos de manutenção do site. Caso não possa ou não queira colaborar, continue a nos acessar do mesmo jeito enquanto estivermos ativos. Gratos.

Curta nossa página e receba atualizações sobre este e outros temas!

Anúncio

Mais recentes...

Anuário do Todos pela Educação mostra que, embora tenha crescido, rendimento médio mensal dos profissionais do magistério da Educação Básica das redes públicas, com Ensino Superior, é 14% menor que o rendimento de outros profissionais assalariados com o mesmo nível de escolaridade