Para reabrir escolas, tem de vacinar professor(a), coordenador(a), vigia, zelador(a), merendeira, técnico...
O ideal também é que todos os alunos estejam imunizados ou, no mínimo, que passem por testes permanentes para checar se têm ou não a Covid-19. Além disso, é preciso ainda manter rigoroso protocolo de higienização do ambiente escolar, para se precaver contra eventuais mutações do vírus. Sem isso, é brincar de roleta russa, diz médico consultado pelo Dever de Classe.
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Educação | Devido a pressões do presidente Jair Bolsonaro, donos de escolas privadas e alguns prefeitos e governadores, muito se fala em reabrir escolas no início de fevereiro. O médico Carlos V Silva, consultado pelo Dever de Classe, diz no entanto que só é aconselhável voltar às aulas presenciais se uma série de medidas forem tomadas. Veja, após o anúncio.
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Dr., o que é preciso para reabrir escolas com segurança?
Em primeiro lugar, vacinar todo mundo. Escola não é formada só por professores, como se fala com frequência. É preciso imunizar também zelador, vigia, merendeira, coordenador, técnicos e todos os demais que trabalhem no dia a dia das escolas. Sem isso, uns podem contaminar os outros e levar a doença para casa, aumentando a gravidade da situação.
E os alunos?
O ideal é que também estejam vacinados ou, no mínimo, que façam testes permanentes para saber se têm ou não o vírus. Do contrário, pode ocorrer o mesmo do caso dos profissionais do magistério: levar vírus para casa.
E o quê mais?
Ver após o anúncio.
É preciso também manter rigoroso protocolo de higienização do ambiente escolar, para se precaver contra eventuais mutações do vírus. Essa doença ainda está sob estudo, é precoce dizer que as atuais vacinas são capazes de prevenir contra todas as mutações. Por isso, é preciso cautela. Ninguém deve brincar de roleta russa.
O infográfico abaixo mostra um quadro geral da vacinação, inclusive com os grupos localizados como prioritários pelo Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde.
*O Brasil e a vacina contra a Covid-19
População: 211,8 milhões - IBGE 2020. Cada pessoa deve tomar duas doses, num prazo de 21 dias.
Para imunizar 100% da população, são necessárias 445 milhões de doses, já com previsão de perda de 5% na logística do armazenamento e transporte.
Mas há quem diga que as condições sanitárias seguras viriam com imunização de 60 a 70 por cento do povo.
Com estes percentuais, a necessidade de doses cairia de 445 milhões para 311 milhões. Continua, após o anúncio.
O ilusório e fantasma Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde prevê a vacinação de — apenas — 49,7 milhões de pessoas, divididos em 03 Grupos, necessitando de 104,3 milhões de doses.
No primeiro grupo estão: trabalhadores de Saúde; pessoas de 75 anos ou mais; pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas; população indígena aldeado em terras demarcadas, povos e comunidades tradicionais ribeirinhas.
O segundo e terceiro grupos são formados por: pessoas de 60 a 74 anos e os portadores de Morbidades: Diabetes mellitus; hipertensão arterial grave; doença pulmonar obstrutiva crônica; doença renal; doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; indivíduos transplantados de órgão sólido; anemia falciforme; câncer; obesidade grave (IMC≥40).
O Brasil — até agora — possui somente as 06 milhões de doses articuladas pelo Governo de São Paulo. O presidente Bolsonaro não viabilizou uma gota sequer da vacina até o momento. Quem não é de grupos prioritários, portanto, deve manter estoque de máscaras, álcool em gel e isolamento social. O contágio continua alto e, se depender do capitão, a fila não vai andar. É só bomba em cima da maioria do povo.
*Com dados de José Professor Pachêco, docente e advogado.