A vítima, que se declara homossexual, disse que era alvo constante de preconceito praticado por um segurança da empresa
Tragédias sempre anunciadas
Ninguém mora em local de risco porque queira morrer. O que falta é um plano mais robusto de habitação popular segura em todo o País.
Editor | A tragédia no litoral norte de São Paulo — em particular no município mais afetado — São Sebastião, não pode ser debitada na conta da natureza e, muito menos, das vítimas, como habitualmente se costuma ver em situações semelhantes. As verdadeiras causas dessa catástrofe anunciada são outras.
Segundo dados de 2019 divulgados pela Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional no Brasil chega perto de 6 milhões de moradias. Isto é reflexo da falta de uma política social que vise, por um lado, construir mais casas populares e, por outro, melhorar a qualidade das mesmas.
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Nos momentos difíceis como esse que se vive em São Paulo, são recorrentes as falas que atribuem culpa a quem morreu ou perdeu tudo, com a falácia de que foram morar em local de risco porque quiseram.
Ora, ninguém vai com a família para um precipício habitacional por querer. Os milhares — ou até milhões — que vivem em tal situação o fazem por não ter oportunidade de moradia melhor.
Continua, após o anúncio.
E oportunidade de moradia melhor não é a construção de cubículos habitacionais em locais sem risco de deslizamentos ou outros fenômenos da natureza.
A questão passa também pela qualidade do imóvel e infraestrutura adequada do bairro. Entenda-se por isso — casas maiores e com conforto, escola pública, posto de saúde, transporte regular e mais alguns etcéteras — que só rico e classe média têm acesso no Brasil.
Ninguém trocará a situação descrita no parágrafo anterior por uma moradia precária em área passível de acidentes . E tampouco as autoridades governamentais terão dificuldades para retirar um ou outro que queira insistir se arriscando.
Para resumir: ninguém mora em local de risco porque queira morrer. O que falta é um plano mais robusto de habitação popular segura em todo o País.
Neste sentido, espera-se que Lula — um presidente sensível ao sofrimento do povo — aja com firmeza para banir esse tipo de tragédia anunciada que ocorre com certa frequência no Brasil. Fora disso, é especulação de quem não quer resolver o problema.
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