quatro dias das eleições de segundo turno na cidade de São Paulo, alguns fatores levam a crer que a diferença entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) será pequena, com chances reais e maiores para o candidato da esquerda ficar em primeiro lugar. Vamos a alguns porquês.
Os direitistas cantam "vitória antecipada". Para tanto, apontam pesquisas que mostram Nunes com "considerável vantagem", na tentativa de contagiar a população, sobretudo os indecisos, com o clima do "já ganhou". Será?
Nos bastidores e na prática, contudo, eles próprios admitem e sabem que a coisa não é bem assim. Em relação a pesquisas, citamos abaixo apenas um fato, que eles conhecem muito bem.
No sábado que antecedeu o primeiro turno, o importante instituto Atlasintel deu o próprio Nunes com apenas 20% das intenções de voto, muito atrás de Boulos (32,3%) e Marçal (30%). Por tal consulta, o emedebista sequer teria passado para a etapa das eleições que encerra no domingo.
Isto mostra que pesquisas erram muito. E, muitas vezes, erram muito feio. Não é, portanto, resultados de institutos que determinam — por antecipação — quem vai ganhar ou perder um pleito eleitoral.
Outro ponto importante nessa disputa, indicativo de que a coisa não está nem um pouco definida — é o comportamento de Nunes, Tarcísio et caterva nos últimos dias.
Embora publicamente arrotem o "já ganhou", têm demonstrado na prática muita apreensão, a ponto do emedebista assediar moralmente e em público servidores municipais, no sentido de que votem nele. Por quê?
Ora, se pesquisas mostram "diferenças de até 12%" a favor do atual prefeito, "vitória tranquila", por que iria perder tempo e cometer o crime de assediar funcionários que, somados, numericamente não andam nem perto desse percentual?
Também foram buscar apoio explícito do Bolsonaro que, como se sabe, tem forte rejeição na capital paulista. Nunes e Tarcísio ficaram loucos? Se a eleição está garantida, para que iriam atrás do capitão, sob o risco de a coisa dar errado?
Pode até não parecer, mas é desespero de quem sabe que o espectro da derrota está a rondar suas cabeças. Ou alguém acredita que não?
Outro elemento da mais altíssima relevância é o fato inconteste de que Boulos e a coligação que o apoia, com o presidente Lula, inclusive, são literalmente o que se pode chamar de pesos-pesados em qualquer eleição na capital paulista. Na verdade, isto é o que tem tirado o sono do atual prefeito e seus comparsas.
Nessa reta final, por fim e portanto, a militância de esquerda certamente dobrará os trabalhos e levará Guilherme Boulos à vitória, contrariando pesquisas. Diferença pequena. Mas o candidato do PSOL tende a vencer e assumir a prefeitura da capital paulista.